Lipodistrofia no diabetes tipo 1

A insulinoterapia está associada com efeitos colaterais na pele, o que pode afetar a absorção de insulina causando alterações nos níveis de glicemia (acima e abaixo dos níveis alvos).

Felizmente, com o aumento do uso de insulinas análogas de absorção rápida, tais como Lispro e Aspart, a incidência dessas complicações tem diminuído ao longo dos anos.

Dentre os principais efeitos negativos da insulinoterapia, está a lipodistrofia, uma alteração no tecido logo abaixo da pele, nos locais utilizados para aplicar insulina, sendo as suas principais manifestações a lipoatrofia e a lipo-hipertrofia.

Tipos de lipodistrofia: LIPOATROFIA

Com o tempo, os pacientes aprendem que algumas áreas são relativamente livres de dores e continuam usando o mesmo local para aplicar as injeções. Entretanto, o uso repetido da injeção nos mesmos locais aumenta o risco de lipoatrofia.

A lipoatrofia por insulina é a perda de gordura subcutânea (abaixo da pele) no local da injeção, e seu desenvolvimento parece estar relacionado ao sistema imunológico e a ação lipolítica (ou seja, que degradam lipídios) de certas insulinas.

A lipoatrofia tem como consequência uma menor absorção de insulina para a circulação sanguínea, podendo causar dificuldades na obtenção de um bom controle glicêmico. Diante disso e da reversão natural da lipoatrofia ser rara, deve-se trocar o tipo de insulina (para insulinas análogas) e realizar rodizio adequado dos locais de injeção.

Uma vez que a lipoatrofia já tenha se desenvolvido, benefícios práticos podem ser obtidos pelo uso injeção de insulina análoga ao redor da área atrofiada, pela co-administração de betametasona com insulina, ou mudando o modo da administração de insulina (consulte seu médico para uma avaliação individual).

Tipos de lipodistrofia: Lipo-hipertrofia:

A lipo-hipertorfia é a complicação cutânea mais comum da insulinoterapia e uma consequência do efeito lipogênico (ou seja, de formação de gordura) da insulina. Segundo analises, seu desenvolvimento está relacionado com pacientes jovens, com o início da insulinoterapia, com baixo IMC, com o uso de injeções no abdômen, e com a falta de rodizio dos locais de aplicação

Seu efeito colateral no controle da diabetes é similar à lipoatrofia, prejudicando a absorção de insulina para a circulação sistêmica e, uma vez desenvolvida, o tratamento inclui rodizio dos locais de aplicação da injeção, uso de insulinas análogas de rápida duração, além de mudar a terapia para o uso de bomba de insulina (a terapia com bomba de insulina também requer uma mudança do local de infusão a cada 2-3 dias)

Se as opções terapêuticas acima falharem, a remoção do local afetado pode ser desejável e, dessa forma, a lipo-hipertorfia pode ser tratada com sucesso por meio da lipoaspiração por seringa, sob anestesia local.

Reações alérgicas locais:

As manifestações locais alérgicas normalmente incluem: vermelhidão da pele, coceira e endurecimento no local da injeção. Essas reações normalmente são breves, e são resolvidas naturalmente em poucas semanas. Mais raramente, pode se apresentar como manifestações sistêmicas variadas (irritação da pele, edema de glote ou choque anafilático).

Há controvérsias sobre qual componente da injeção é a causa da reação alérgica: a própria molécula de insulina, o precursor da insulina em preparações não purificadas, o zinco ou a protamina contidos nas insulinas de ação lenta.

A diferença entre as insulinas de origem animal e a humana também são citadas como possíveis causas. A redução da incidência de alergias com a introdução da insulina humana suporta essa teoria.

O que fazer para evitar

O tratamento mais simples consiste em trocar a insulina por análogos de insulina. No entanto, essa conduta nem sempre funciona, já que o paciente pode também ser alérgico aos análogos. Já os anti-histamínicos são uteis no controle dos sintomas. Se a mudança de insulina não resolver, existem inúmeras opções a serem consideradas, incluindo:

  • Dividir a dose a variar o local de aplicação
  • Mudança para a bomba de insulina
  • Dessensibilização à insulina

Procure seu endocrinologista para uma avaliação individualizada!

Referências:

Lucio Vilar. Endocrinologia clínica. 6ª edição

Richardson, T.; Kerr, D. Skin-Related Complications of Insulin Therapy: Epidemiology and Emerging Management Strategies. Am J Dermatol, 4(10): 661-667, 2003.

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Christine Rolke

Christine Rolke

Sou mãe de 3 meninas lindas. Quando minha segunda filha, Livia fez 13 meses de idade ela foi diagnosticada com diabetes mellitus tipo 1. Isso fez com que minha vida mudasse e trouxe muitas dificuldades que me fizeram estudar a fundo a DM1.

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